terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cultura inútil da terça #27

Hoje a Cultura inútil vai contar um pouco sobre minha familia :D
Bom sei que não é muito o estilo desse blog, mas como aqui não tem regras, e como gostei da reportagem feita pelo "jornal do oeste" vou postar aqui!
Vilme, Ieda, Geni (Norma) que relembraram o passado.
Em uma mesma via, lembranças do passado pioneiro e interferências urbanas da modernidade. As casas de madeira, pequenas chácaras e alguns exemplares do pinheiro do Paraná remete a um cenário que os colonizadores construíram na década de 50. Por outro lado, edificações modernas, muros altos e asfalto colocam o observador na ordem correta do tempo. Única, linda, peculiar. A rua Ângelo Donin é um espaço para ser apreciado.
Elo entre o Jardim Concórdia e a Vila Operária, muitas pessoas a conhecem apenas pela imponente inclinação da rua, talvez a mais acentuada da cidade. A curva que acompanha o contorno do morro, perpetua mesmo não sendo favorável para o atual trânsito de veículos. Muitos acidentes foram registrados nesta região e vidas se perderam.
Morador da região há muitos anos, Leandro Cavalli e sua esposa viram como o progresso foi importante, mas trouxe problemas. A rua foi totalmente asfaltada há cerca de cinco anos. A construção de uma ponte de concreto foi realizada no mesmo período. Com isso, o fluxo de veículos aumentou e a preocupação com a segurança também. “Para nós, seria muito interessante que esta fosse uma rua de mão única”, sugere o morador.
O rio Toledo faz o limite entre a área mais alta e a mais plana. Com uma largura estreita, a corredeira da água limpa se encarrega da trilha sonora de quem se arrisca a passar a pé.
A rua Ângelo Donin é repleta de histórias, boas e tristes, novas e antigas, publicadas ou guardadas apenas na memória dos viventes. Algumas delas contadas pela família que se instalou naquela região, próximo ao rio, no ano de 1949. “O pai construiu uma casa não muito perto do rio porque se chovia, alagava”, lembra a filha de Ângelo, Vilma.
QUEM FOI – Se vivo, o carpinteiro e serralheiro Ângelo Donin completaria 111 anos. Natural de Vista Alegre, interior da cidade gaúcha de Nova Prata, Ângelo era um dos cinco homens de uma família de oito irmãos que perderam os pais ainda crianças. Casou-se com Ângela Piorezan e no mesmo vilarejo, constitui sua família ao lado dos irmãos, cunhadas e sobrinhos.
Decidiram vir ao inóspito oeste paranaense em 1949. Na época, a filha mais velha do casal, Ieda, acompanhou a expedição, para fazer comida aos trabalhadores. “Chegamos aqui em janeiro. Vim com meu pai e o tio Augusto. Enquanto eles derrubavam mato eu trabalhava para fazer comida e lavar as roupas”, lembra a senhora de memória boa aos 85 anos de idade.
Em Toledo, Ângelo e o irmão Augusto montaram uma serraria. Depois de sete meses na região, o restante da família veio para fixar residência. “Chegamos aqui em julho do mesmo ano, nós com 12 pra 13 anos”, fala Geni, com 75 anos, gêmea de Vilma.
A vida foi dura, os nove filhos do casal Ângelo e Ângela ajudavam na derrubada de árvores para fazer lavoura e até estradas. Todos trabalhavam juntos e aqui cada um constituiu sua família.
A prática na carpintaria lhe rendeu elogios, já que era solicitado para fazer pipas de vinho. “Tinha que ser bom pra fazer pipa, pro vinho não vazar”, recorda Vilma.
Além das habilidades como carpinteiro, seu Ângelo era conhecido por sua tranqüilidade. Segundo Ieda, o pai nunca foi rude com os filhos. “Uma vez vi meu pai bater no meu irmão, mas porque ele faltou com o respeito na mesa”, descreve e completa “a bondade dele é a minha melhor recordação”.
Em 1977, com 77 anos, um câncer tirou a vida de Ângelo. A esposa havia falecido alguns anos antes. Dos nove filhos, cinco faleceram (João Miro, Iracema, Arduíno, Adelina e Ruvilio). Ieda, Vilma, Geni e Iraci – esta morando em Foz do Iguaçu – são a memória vida da família que desbravou Toledo e colaborou com o desenvolvimento da cidade que hoje desfrutamos.
A calma com que Ângelo lidava com seus desafios, talvez seja possível de sentir na rua que leva o seu nome.
Reportagem disponível no Jornal do Oeste

Um comentário:

  1. Que legal.. Parabéns Diandro.. afinal ser de familia importante não é pra qualquer um!!

    Quem sabe um dia teremos a honra de ter uma rua, uma praça, uma escola ou quem sabe uma estatua com o nosso nome!!

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Piázada que escreve nessa bagaça: