Insanidade

Tem coisas que acontecem pra eu escrever aqui. Agora mesmo, estava eu atendendo o bar, chega um cara um pouco bêbado, me pede uma cerveja, normalmente não atendo gente bêbada, digo que não tem nada e mando procurar o bar de onde veio. Mas este cara eu atendi, não sei porquê, mas atendi. O cara pediu uma cerveja e uma pinga. Logo que servi a pinga pra ele, me ofereceu um gole, eu agradeci e disse que não queria, o cara se sentiu ofendido, pediu se eu tinha parado de beber, eu disse que sim, que fazia tempo que não bebia. Desconfiado ele olhou pra minha cara e quis saber há quanto tempo eu bebia.

Depois o cara se sentou a mesa, na calçada, pra poder fumar. Estava eu de boa e o cara me chama, me estende a mão e diz, satisfação em te conhecer, Edmilson. E olha pra mim, esperando que eu diga meu nome. Eu respondo: Bruno. Daí o cara diz que é um prazer me conhecer, começa a falar um monte de coisa, diz que freqüenta o bar há cinco anos e que nunca tinha me visto. Eu disse que é porque estou na aula, ou algo do tipo. Ele me pediu que curso eu faço, respondi que faço filosofia, daí o cara me disse que é porque eu tenho o dom pra isso (eu nem tinha perguntado nada, ele disse que faço filosofia porque tenho o dom pra fazer isso).

O jeito de falar dele não era o jeito pelo qual um bêbado fala, o jeito pelo qual ele falava lembrava muito o meu irmão, o Rafael, que e maluco, Maluco Beleza.

Falei pro cara que eu tinha que lavar a louça (não estava afim de conversar com ele, se é que me entende).

Estava eu lavando a louça e o cara me chama de novo, fui ver o que ele queria e ele veio me pedir cigarro. Disse que se ele comprasse cigarro não teria dinheiro pra pagar o ônibus (logo que ele pagou a pinga e a cerveja, com uma nota de cinco reais, eu devolvi dois reais de troco pra ele, ele falou que faltava dez centavos, eu pedi por que, e ele disse que senão não teria grana pra passagem). Daí ele pediu se eu não tinha uma avulso, se eu não fumava. Disse que não. Fiquei alii fora, parado, observando o movimento, o cara invocou com meus olhos, pediu se eram da minha mãe (não, são meus, disse que não, que eram do meu pai.

Estava meio à toa, e pensando que aquela situação daria uma boa postagem aqui no blog, daí comecei a puxar papo com o cara. Pedi se ele era casado, ele disse que sim, que tinha quatro filhos, dois casais, me disse que o casamento ia mal. Pedi o que ele fazia da vida, ele disse que era aposentado, que tinha sofrido um acidente de moto, até me mostrou a cicatriz, um baita corte nas costas. O papo foi indo, daí ele começou a falar de religião, pedi se ele freqüentava igreja, ele disse que não, que Jesus só ia salvar as almas, não as igrejas (faz sentido), e falou mais um monte. Depois de um tempo ele me disse que todo homem que tem olho azul é cabeludo (MAS O QUE?), e que  fazem isso pra parecer Jesus. Ele me pediu porque Jesus tinha olho azul. Expliquei pra ele que é porque a imagem de Jesus foi feita pelos europeus, e na Europa praticamente todo mundo tem olho azul. Daí ele me disse que é porque qualquer um pode ter olho azul, desde negro até loiro (AHAM).

Nessa altura, ele não tinha tomado nem sequer um copo de cerveja, daí ele pediu se não teria como ele levar embora a cerveja, pra beber em casa. Arranjei uma garrafa pet e coloquei a cerveja pra ele. Pronto, o cara se mandou. E eu liguei o computador pra escrever essa merda toda.